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Stellantis, dona da Fiat, alerta sobre a deterioração da indústria automobilística global

A gigante vai acelerar seu esforço para reduzir seus estoques nos Estados Unidos, oferecendo descontos e enviando menos veículos às concessionárias

A Stellantis, dona da Fiat, é a mais recente montadora a alertar sobre um mercado de carros cada vez mais difícil, com a indústria enfrentando demanda instável, concorrência crescente e uma transição complicada para os veículos elétricos.

Na segunda-feira, a gigante automobilística – que também abriga as marcas Jeep, Ram, Citroën e Peugeot, além de outras sete – cortou sua orientação de lucros para o ano inteiro, dizendo que vai pôr em prática seu plano de redução de estoques nos EUA, e afirmou que enfrenta uma demanda mais fraca em muitos de seus mercados.

As ações da Stellantis caíram mais de 14% nas bolsas europeias, aproximando-se do menor valor em dois anos.

O aviso da Stellantis veio depois que sua grande rival europeia Volkswagen cortou na sexta-feira suas previsões de vendas e de lucros, citando uma deterioração das perspectivas.

A Mercedes-Benz e a BMW também reduziram suas metas de vendas e lucros nas últimas semanas, dado que as vendas no mercado de luxo chinês desaceleraram. Esses problemas foram ecoados pela fabricante britânica Aston Martin na segunda-feira, que disse que a fraca demanda na China e as interrupções na cadeia de suprimentos prejudicarão os volumes de entrega.

Nos últimos meses, globalmente, as vendas de veículos engataram a marcha à ré, com os volumes de agosto caindo 4% ano a ano, de acordo com o provedor de dados GlobalData.

“A deterioração no cenário da indústria global reflete uma previsão de mercado mais baixa em 2024 do que no início do período, dado que a dinâmica competitiva se intensificou com o aumento da oferta aliado ao crescimento da concorrência chinesa”, disse a Stellantis em comunicado na segunda-feira.

Nos EUA, revendedores das marcas Jeep e Ram reclamaram do acúmulo de veículos nas lojas por causa das metas agressivas de produção da empresa e dos altos preços dos produtos, enquanto os rivais oferecem descontos.

O mercado automotivo dos EUA está sob pressão crescente em um momento de correção das máximas pós-pandemia. A falta de estoque ajudou a sustentar os preços imediatamente após a Covid-19, enquanto o crédito barato permitiu que os clientes americanos continuassem pagando mais caro por veículos novos. Mas os estoques aumentaram e as taxas de juros mais altas que vieram depois corroeram o poder de compra do consumidor, atingindo as margens de lucro e a participação de mercado da Stellantis na região.

A participação da montadora no mercado norte-americano caiu para 8,2% nos primeiros seis meses do ano, ante 10,0% no mesmo período do ano anterior, de acordo com estimativas compiladas pela empresa. Sua margem operacional ajustada na região caiu de 17,5% para 11,4%. 

A meta da empresa agora é não ter mais que 330 mil unidades de estoque nas revendedoras americanas até o final de 2024, antecipando a data prevista para o primeiro trimestre de 2025. Isso envolve diminuir o número de veículos enviados para as lojas em mais de 200 mil no segundo semestre de 2024. O cálculo anterior era reduzir os embarques em cem mil unidades em comparação com 2023.

A empresa também aumentará os incentivos para os veículos de 2024 e modelos mais antigos — significa que os consumidores podem esperar descontos maiores em marcas como Jeep e Ram —, ao mesmo tempo em que ajusta custos e capacidade.

“A Stellantis foi criticada por aparentemente não agir rápido o bastante, então isso começa a abordar essa questão”, disse o analista da Bernstein, Stephen Reitman, em nota aos clientes.

Globalmente, a demanda mais fraca aguçou a concorrência, especialmente porque os fabricantes chineses competem por participação de mercado e reduzem os preços. A Stellantis é líder de mercado na América do Sul e a segunda maior montadora na Europa — os principais alvos dos fabricantes chineses.

A mudança para veículos elétricos é outro vento contrário. Alterações nos subsídios e problemas de infraestrutura diminuíram o apetite do consumidor pela tecnologia outrora popular, levando as fabricantes a oferecer grandes descontos, apesar dos enormes investimentos.

Dados os vários desafios, a Stellantis disse na segunda-feira que agora espera relatar uma margem de lucro operacional ajustada entre 5,5% e 7,0% em 2024, abaixo do valor de dois dígitos esperado anteriormente. O fluxo de caixa livre agora está previsto entre 5 bilhões de euros e 10 bilhões de euros negativos, de um valor anteriormente positivo.

Reitman, da Bernstein, afirmou que a escala do corte de margem foi muito maior do que o esperado.

Em 2023, a empresa registrou uma margem de lucro operacional ajustada de 12,4% e fluxo de caixa livre de 12,86 bilhões de euros. 

Fonte: The Wall Street Jounal (Dominic Chopping e Stephen Wilmot)

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