Artigo de Luiz Sergio Alvarenga
É sabido de todos que as plataformas de comércio eletrônico têm trazido uma nova luz na comercialização de produtos e entre eles as autopeças, o que tem acelerado uma revolução na logística de abastecimento e de certa forma potencializado a visibilidade e os negócios, no entanto alguns aspectos importantes são negligenciados e acabam por cegar a visão de empresários frente ao rápido retorno de indicadores e a sensação de ganhos de mercado. Vamos elencar e discorrer por alguns, mas antes leiam a notícia abaixo publicada no dia 15/10/24 pela Automotive Business por Bruno Oliveira.
Redes sociais ganham corpo nas vendas de veículos e peças
Tema foi discutido durante o #ABX24, que teve a participação de representantes das principais plataformas digitais
A digitalização dos negócios dentro do setor automotivo ganhou força durante a pandemia, quando plataformas de vendas online, os chamados marketplaces, e o WhatsApp, se mostraram como salvação em momento de concessionárias fechadas. Anos depois de um dos períodos mais críticos da história, essas ferramentas online de vendas deixaram o caráter paliativo para assumir um papel mais perene, quase de protagonismo, no processo de comerciais de montadoras e distribuidores. Esse novo perfil das plataformas digitais foi tema de debate no Automotive Business Experience – #ABX24. Participaram da discussão representantes da Meta (Facebook, Instagram e WhatsApp), Linkedin e TikTok. Pois é, engana-se quem pensa esses nomes representam apenas uma oportunidade de divulgação de fotos de pets, de viagens, memes e áudios. Eles hoje integram a lista de ferramentas de vendas dentro do setor automotivo, cada um oferecendo uma opção de atividade dentro da jornada do consumidor.
“O TikTok, por exemplo, é uma plataforma na qual o consumidor pode conhecer os novos produtos e tendências do mercado. É o lugar onde as pessoas podem tomar decisões, faz parte da jornada do consumidor”, garantiu Rafael Iapequino, líder do setor de vendas do TikTok Brasil.
Interação entre vendedor e cliente
Thiago Custódio, client partner da Meta, também atribuiu essa função aos canais controlados pela empresa. “Se pensarmos em Facebook, a ferramenta já se consolidou como marketplace. No caso do Instagram, o consumidor pode ter os primeiros contatos com o produto. Já o WhatsApp é o canal que estabelece contato entre o cliente e o vendedor de forma rápida”, disse Custódio durante o evento. Já no caso do LinkedIn, o sales manager Leonardo Barros contou que a rede social pode aportar algo importante na jornada de clientes e de empresas do setor na jornada comercial. “Ainda que seja uma rede social muito focada na questão profissional, é possível, por exemplo, executar um trabalho de construção de marca, de reputação”, disse o executivo.
Vamos refletir um pouco?
- Estas plataformas conhecem o histórico e complexidade das conhecidas “garantias” em autopeças e seus os custos decorrentes?
- Estas plataformas conhecem as cadeias de valor para deixar aberto aos donos de carros que são desconhecedores técnicos para avaliar uma autopeça? E sua consequência nos preços?
- Os consumidores finais têm ciência do crime organizado infiltrado nas plataformas comercializando livremente peças falsificadas, roubadas, subfaturadas, sem atendimento as legislações obrigatórias e por aí vai?
- Será que sua empresa vai conseguir manter as taxas nestas plataformas ao longo do tempo, ou arrumaram um novo sócio? E os clientes, vão lembrar de você?
Vamos parar por aqui para não deixar a lista extensa, mas a pergunta que fica é, se plataformas de marketplace que hoje são gigantes no mercado, porque não controlam a entrada em seu portal de autopeças duvidosas apontadas acima, enquanto as empresas físicas que compõem o mercado estão sujeitas as penalidades mais severas caso cometam algumas destas infrações?
Não me parece justo que ao menos sinalizações sejam inseridas nas plataformas como alertas de que tal peça está sujeita por exemplo a uma certificação compulsória por parte do Governo Federal, ou mesmo outro componente se for manuseado de forma errada pode resultar em consequências mais graves no veículo, e vou além, sem os devidos EPI´s podem ferir mortalmente uma pessoa.
Notem que a tecnologia seduz, ingressa no mercado de forma sorrateira, nos cega, e só depois que vamos observar o estrago feito, e o próprio Estado, entenda-se o poder público é lento para legislar e mesmo o fazendo tais plataformas não atendem a contento para conseguirmos educar os consumidores nas boas práticas, tornando as cadeias de valor que orbitam neste negócio chamado Aftermarket um cipoal de regras para as empresas físicas e quase nada para os marketplaces, estimulando a entrada de aventureiros e oportunistas de plantão em um negócio que gera emprego e renda e sustenta centenas de milhares de famílias neste extenso Brasil.
É possível e me parece razoável que o universo do comércio eletrônico seja uma ferramenta adicional a ser incorporada as empresas, desde que estejamos com foco no consumidor, caso contrário, me parece mais o travamento de uma batalha onde a tecnologia busca eliminar suavemente através de sua sedução a empresa física.